20 de abr. de 2010

ISP: homicídios caem 37% na cidade do Rio, alcançando o menor número nos meses de fevereiro desde 1991

ISP: homicídios caem 37% na cidade do Rio, alcançando o menor número nos meses de fevereiro desde 1991

Fonte: O Globo

RIO - O Estado do Rio teve o menor número de homicídios registrado num mês de fevereiro, desde 1991: 473 casos. O dado foi divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) e representa uma redução de 14,9% em relação ao mesmo mês de 2009, conforme antecipou a coluna de Ancelmo Gois. Foram 83 assassinatos a menos que em fevereiro do ano anterior. Toda a redução aconteceu na capital. Com isso, o município do Rio teve uma queda ainda maior: 37%. Outros três índices, considerados estratégicos pela Secretaria de Segurança, despencaram, comparando fevereiro deste ano com o mesmo mês em 2009: latrocínio (menos 13 vítimas), roubo de veículos (menos 628 casos) e roubo na rua (menos 1.237 casos).

Embora a maioria dos crimes tenha registrado queda, alguns índices subiram. No roubo de cargas, por exemplo, houve um aumento de 17,5%. Em fevereiro de 2009, foram registrados 188 casos, contra 221 este ano. O número de desaparecidos também cresceu: de 414 para 473 (14,2%), no mesmo período.

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, atribuiu a redução ao novo plano estratégico, criado por sua pasta, cobrando metas a serem cumpridas por policiais civis e militares. Segundo ele, houve uma integração maior entre comandantes de batalhões e delegados, nas chamadas Áreas Integradas de Segurança Pública (Aisps). Nas contas do secretário, 9 mil policiais das duas corporações receberam gratificações, que somaram R$ 6 milhões somente no segundo semestre de 2009.
Secretário atribui queda a premiações

Para Beltrame, as premiações tiveram um papel fundamental para estimular a queda dos índices:

- O trabalho continua, mas os dados são animadores. Acredito que a redução se deve ao conjunto de medidas que adotamos. Estipulamos metas para quem reduzisse os indicadores estratégicos, entre eles o homicídio doloso. É aí que as gratificações entram como estímulo fundamental.

As Unidade de Polícia Pacificadora (UPPs) também tiveram um papel importante na queda de alguns crimes. Na área do 19º BPM (Copacabana), onde se concentra a maioria das UPPs, comparando fevereiro de 2009 com o mesmo mês deste ano, houve queda no número de roubos a estabelecimentos, de 12 para 2 casos.

Também houve redução na área do 2º BPM (Botafogo). Foram roubados 52 carros em fevereiro do ano passado, contra 28 no mesmo mês deste ano. Na opinião do secretário, a implantação das UPPs é apenas um fator na queda dos índices.

Em relação ao crescimento no número de casos de desaparecidos, o secretário argumentou que a maioria das pessoas que fazem o registro não volta para avisar se o desaparecido foi encontrado. Quanto ao roubo de cargas, a despeito do aumento dos casos, Beltrame afirmou que esse é um índice em vias de redução:

- No mês passado, prendemos duas quadrilhas, na Maré e no Caju, que atuavam neste tipo de crime. A tendência é que haja uma queda.

Vice-coordenador do Laboratório de Análises da Violência da Uerj, o sociólogo Ignácio Cano considera boas notícias a queda do número de roubos de carro e dos roubos nas ruas.

- Pelo que observo, a grande mudança na política de segurança pública no atual governo são as UPPs, mas elas ainda seriam poucas, o que não produziria um impacto no número de homicídios. É pouco tempo para isso - comentou o sociólogo.

O professor de sociologia da Uerj Michel Misse também acha ser necessário mais tempo para analisar a redução nos índices:

- A queda dos homicídios é boa, embora ainda não tenha o mesmo ritmo de São Paulo, onde a redução já acontece há cinco anos.

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