1 de dez. de 2010

(RJ) Ocupação do Alemão atinge uma das quadrilhas mais antigas do Rio

A disputa de territórios com outros grupos criminosos fez a facção investir em armamento pesado. O bando levava medo e violência às favelas, às ruas e também aos presídios.
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A ocupação que o Brasil inteiro acompanhou, no domingo (27), atingiu, em cheio, uma das quadrilhas mais antigas do Rio de Janeiro.

Dos bandidos do Complexo do Alemão, agora, só dá para ver o rastro. Os negócios criminosos do tráfico foram abandonados por todo o conjunto de favelas.

A mais antiga facção criminosa do Rio de Janeiro surgiu no fim da década de 70, atrás das grades de um presídio na Ilha Grande, no sul do estado. Assaltantes de bancos e traficantes dividiram celas com presos políticos e aprenderam com eles táticas de guerrilha. A cruz no alto de cada morro era o símbolo do domínio.

A disputa de territórios com outros grupos criminosos fez a facção investir em armamento pesado. O bando levava medo e violência às favelas, às ruas e também aos presídios. Nas últimas décadas, o grupo não investiu apenas no tráfico de drogas.

Uma das provas do envolvimento dos criminosos dessa facção com o roubo de carga está no depósito da polícia. No dia em que os traficantes foram expulsos da Vila Cruzeiro, além de drogas e armas, eles deixaram para trás aparelhos novos de ar-condicionado e produtos de beleza na caixa. Tudo fazia parte de cargas roubadas.

Segundo a polícia, só no Rio de Janeiro, oito em cada dez roubos de cargas eram praticados por bandidos ligados ao bando.

Mão, o traficante Emerson da Silva, preso no domingo, era um dos chefes do grupo que roubava principalmente carregamentos de cigarro e eletrodomésticos. Integrantes da facção também comandavam roubos de carros.

Agora, a ocupação do conjunto de favelas pela polícia tirou mais do que o território dos criminosos. Para a polícia, sem armas e sem o dinheiro obtido com a venda das drogas, a quadrilha está esfacelada. E isso vai se refletir nos índices de violência daqui para a frente.

“Esses homens saíram dos seus redutos, os redutos estão ocupados, e eles tiveram que deixar armamento para trás. Não vão conseguir se organizar mais”, afirma o delegado Deoclécio Assis.

Para o cientista político João Trajano, da UERJ, estudioso na área de segurança, a chegada ao "coração" da facção criminosa foi a maior derrota desses traficantes. “Derrubou-se um mito. Então, é muito importante, primeiro, manter território ocupado. Segundo, monitorar o deslocamento desses grupos e, sobretudo, das lideranças desses grupos para saber o paradeiro delas”, aponta.

Fonte: G1 RJ

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